Recrutamento, Consentimento Informado e Perspectivas dos Pacientes

A FierceBiotech [1] informou que um acordo incomum foi assinado entre a principal empresa farmacêutica de mRNA (BioNTech) e o governo do Reino Unido. O Memorando de Entendimento inclui a meta de fornecer uma terapia personalizada contra o câncer, seja por meio de um teste ou como um tratamento aprovado para 10.000 pacientes no Reino Unido até 2030. Além disso, a empresa investirá em um centro de pesquisa em Cambridge, Inglaterra, e em uma sede regional em Londres.

O acordo destaca a importância do mercado britânico e da rede de serviços de saúde do Reino Unido para a BioNTech. Em 6 de janeiro de 2023, a empresa disse que queria aproveitar ao máximo a prestigiosa rede de estudos clínicos, genômica e recursos de dados nacionais de saúde do Reino Unido. Os candidatos e os locais de teste serão então selecionados e “um plano de desenvolvimento será estabelecido com o objetivo de estar pronto para inscrever o primeiro paciente com câncer no segundo semestre de 2023”.

De acordo com o diretor geral da BioNTech, Dr. Ugur Sahin, esse acordo se deve ao fato de que “o Reino Unido conseguiu fornecer vacinas contra a covid-19 muito rapidamente porque o Serviço Nacional de Saúde, a academia, o órgão regulador e o setor privado trabalharam juntos de forma exemplar… Esse acordo é o resultado das lições aprendidas com a pandemia de covid-19, pois todos nós experimentamos que o desenvolvimento de medicamentos pode ser acelerado sem cortar custos, se todos trabalharem juntos e sem problemas para atingir o mesmo objetivo.”

Essa notícia vem na sequência de uma série de sucessos da empresa: seu CAR-T para tumores sólidos recebeu a rotulagem PRIME na Europa e a empresa obteve dados preliminares positivos para sua vacina contra o câncer de pâncreas em combinação com o Tecentriq da Roche. A BioNTech planeja realizar até cinco testes de vacinas contra doenças infecciosas até 2023.

Salud y Fármacos considera importante observar que esse acordo entre a BioNTech e o Reino Unido vai muito além do mero recrutamento de pacientes para estudos clínicos.

A BioNTech se comprometeu a investir no país e a fornecer tratamentos, embora não saibamos até que ponto os preços foram negociados. Além disso, nesse caso, a empresa levou em consideração não apenas a disponibilidade de pacientes para recrutar, mas o funcionamento do sistema de saúde e a qualidade dos bancos de dados de pacientes, provavelmente refletindo o interesse da empresa em realizar estudos clínicos com controles externos (por exemplo, com registros de pacientes e prontuários médicos eletrônicos).