Em 2022, a Agência Francesa de Produtos de Saúde (ANSM) publicou os resultados de uma pesquisa de farmacovigilância de implantes contraceptivos contendo etonogestrel (Nexplanon°, Implanon°), envolvendo migração para a artéria pulmonar, complicações relacionadas à remoção de implante (de meados de setembro de 2018 até dezembro de 2021) e gestações relatadas na França (de agosto de 2017 até dezembro de 2021) [1].
27 casos de migração do implante para a artéria pulmonar ou para seus ramos durante foram relatados nesse período, ou seja, 54 casos desde sua introdução no mercado [2]. Todos os casos tiveram consequências graves. A migração foi descoberta com mais frequência no momento da remoção do implante (67% dos casos), às vezes como resultado de sintomas clínicos (25% dos casos), como dor no peito, dispneia, pneumotórax ou taquicardia, ou às vezes porque o implante não podia mais ser palpado. Na metade dos casos, a migração do implante foi descoberta mais de um ano após sua colocação. O resultado após a migração foi dado em 25 casos. Seis implantes foram removidos por via endovascular e três por toracotomia. O implante não pôde ser removido por via endovascular em 6 casos e por toracotomia em 1 caso. Em outros 8 casos, o implante foi mantido no local. Em cinco mulheres, a incorporação do implante no endotélio vascular impediu sua remoção. As consequências a longo prazo da falha em remover um implante migrado são desconhecidas.
Houve 7 casos de danos aos nervos relacionados à remoção, afetando principalmente o nervo mediano. Além disso, durante esse período, houve relatos de gestações ligadas a uma interação medicamentosa que reduziu a eficácia do etonogestrel: 4 com um medicamento que induz enzimas (carbamazepina, topiramato, rifampicina) e 1 com lamotrigina [2,3].
NA PRÁTICA É importante aconselhar as mulheres a palpar o local do implante regularmente (por exemplo, no início de cada mês) para conferir se o implante não tenha migrado e incentivá-las a consultar o médico sem delongas se ele não estiver palpável. Também é importante levar em conta o risco de gravidez como resultado de interações medicamentosas.
Referências