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Conduta da Indústria

O Modelo de Negócio da Big Pharma: a Ganância Corporativa

(Big Pharma’s Business Model: Corporate Greed)
US Senate. Health, Education, Labor, And Pensions Committee Majority Staff Report, 6 de febrero de 2024
https://www.help.senate.gov/imo/media/doc/big_pharmas_business_model_report.pdf (de livre acesso em inglês)
Traduzido por Salud y Fármacos, publicado em Boletim Fármacos: Ética 2024; 2 (3)

Tags: benefícios excessivos das empresas farmacêuticas, comparação de preços dos medicamentos, os preços dos medicamentos nos EUA são exorbitantes

Nos EUA, os preços dos medicamentos de prescrição são, de longe, os mais altos do mundo. Enquanto um em cada quatro estadunidenses não pode pagar os medicamentos que seus médicos prescrevem, 10 grandes empresas farmacêuticas ganharam mais de US$ 112 bilhões em 2022: elas pagaram aos seus CEOs quantias exorbitantes em várias formas de remuneração e investiram bilhões de dólares em recompra de ações e dividendos para enriquecer ainda mais seus acionistas.  

O Comitê de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões (Comitê HELP ou U.S. Senate Committee on Health, Education, Labor, and Pensions) do Senado dos EUA revelou como três empresas farmacêuticas americanas —Johnson & Johnson, Merck e Bristol Myers Squibb— enriquecem às custas dos cidadãos. 

Algumas descobertas importantes incluem:

  • A indústria farmacêutica é muito lucrativa: empresas como a Johnson & Johnson, Merck e Bristol Myers Squibb embolsam enormes quantias de dinheiro.
  • Em 2022, a Johnson & Johnson gerou ganhos de US$ 17,9 bilhões, e seu CEO recebeu uma compensação de US$ 27,6 milhões. No mesmo ano, a empresa investiu US$ 17,8 bilhões em recompra de ações, dividendos e compensações de executivos. Em contraste, apenas US$ 14,6 bilhões foram gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Em outras palavras, a empresa gastou US$ 3,2 bilhões a mais para enriquecer seus executivos e acionistas do que para descobrir novos tratamentos.
  • Em 2022, a Bristol Myers Squibb gerou ganhos de US$ 6,3 bilhões, e seu ex-CEO recebeu uma compensação de US$ 41,4 milhões. Nesse mesmo ano, a empresa investiu US$ 12,7 bilhões em recompra de ações, dividendos e compensações de executivos. Em contraste, apenas US$ 9,5 bilhões foram gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Assim como a Johnson & Johnson, a Bristol Myers Squibb gastou US$ 3,2 bilhões a mais no enriquecimento de seus executivos e acionistas do que na descoberta de novos para descobrir novos tratamentos.
  • Em 2022, a Merck gerou lucros de US$ 14,5 bilhões, e seu CEO recebeu uma compensação de US$ 52,5 milhões. No mesmo ano, a empresa investiu mais de US$ 7 bilhões em dividendos e compensações de executivos, e US$ 13,6 bilhões em P&D. Se o Keytruda —o medicamento oncológico da Merck— fosse uma empresa, suas vendas em 2022 rivalizariam com as do McDonald's e excederiam os lucros da rede de hotéis Marriott.
  • Desde 2016, a Johnson & Johnson ganhou duas vezes mais com a venda de seu medicamento para artrite Stelara nos EUA (US$ 30,4 bilhões) do que no resto do mundo (US$ 14,9 bilhões).
  • Desde 2015, a Merck ganhou US$ 43,4 bilhões com o Keytruda nos EUA, em comparação com US$ 30 bilhões obtidos no resto do mundo.
  • A Bristol Myers Squibb ganhou US$ 34,6 bilhões com o Eliquis, um anticoagulante, nos EUA, em comparação com US$ 22,5 bilhões no resto do mundo. Isso significa que, desde seu lançamento, as vendas nos EUA representam dois terços de todas as vendas do Eliquis no mundo.
  • A Johnson & Johnson, a Merck e a Bristol Myers Squibb fazem com que os americanos paguem, de longe, os preços mais altos do mundo por medicamentos prescritos. Elas começam colocando preços exorbitantes para medicamentos novos. Quando os pacientes começam a depender desses produtos, elas aumentam os preços e os obrigam a pagar mais ou a interromper o tratamento.
  • Em 2015, a Merck começou a comercializar o Keytruda a um custo anual de US$ 147.000 nos EUA e US$ 132.000 na Alemanha. Agora, o Keytruda custa US$ 89.000 na Alemanha, mas nos EUA custa mais que o dobro: US$ 191.000.
  • Em 2013, a Bristol Myers Squibb começou a comercializar o Eliquis a um custo anual de US$ 3.100 nos EUA e apenas US$ 1.000 no Japão. O preço do Eliquis no Japão caiu para US$ 900. Nos EUA, a Bristol Myers Squibb aumentou o preço do produto para mais que o dobro: US$ 7.100. 
  • Com o tempo, os altos preços de lançamento e os aumentos geraram diferenças impressionantes na comparação entre os EUA e o resto do mundo.

  • A Johnson & Johnson, a Merck e a Bristol Myers Squibb não só colocam preços mais altos nos EUA do que em outros países. Os preços também são mais altos do que no passado.
  • De 2004 a 2008, o preço médio de lançamento dos medicamentos inovadores de prescrição da J&J Johnson, Merck e Bristol Myers Squibb foi de US$ 14.000. Nos últimos cinco anos, o preço médio de lançamento de medicamentos dessas três empresas farmacêuticas foi de US$ 238.000. 
  • A Johnson & Johnson, a Merck e a Bristol Myers Squibb estão a conservar seu poder de decidir preços usando qualquer meio possível. 
  • Essas empresas criaram "emaranhados" de patentes para ampliar seus monopólios e atrasar a concorrência de genéricos de baixo custo, segundo um banco de dados compilado por advogados de patentes chamado Livro de Patentes (the Drug Patent Book). 
  • A Merck registrou 168 patentes para o Keytruda. 64% dessas patentes foram apresentadas depois que o medicamento foi aprovado pela FDA. 
  • A Johnson & Johnson apresentou 57 registros de patentes para o Stelara. 79% dessas patentes foram registradas depois que o medicamento foi aprovado pela FDA. 
  • Essas empresas desembolsaram grandes quantias de dinheiro para comprar influência. Nos últimos 20 anos, a Johnson & Johnson, a Merck e a Bristol Myers Squibb gastaram mais de US$ 351 milhões em lobby e US$ 34 milhões em contribuições para campanhas. No ano passado, essas empresas enviaram quase 200 lobistas ao Congresso. 
  • O governo federal está começando a lutar contra a ganância da indústria farmacêutica. Pela primeira vez, o Medicare pode negociar o preço de medicamentos como Eliquis e Stelara. Os fabricantes agora também são obrigados a pagar reembolsos ao Medicare se seus produtos aumentarem o preço mais rapido do que a inflação, mas é preciso fazer muito mais para disponibilizar medicamentos a preços acessíveis aos estadunidenses.
creado el 15 de Noviembre de 2024