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Conflitos de Interesse

União Europeia. O TJUE anula a rejeição da EMA em autorizar ‘Hopveus’ contra o alcoolismo por conflito de interesses de um avaliador

(El TJUE anula la negativa de la EMA a autorizar ‘Hopveus’ contra el alcoholismo por conflicto de intereses de un evaluador)
S. Valle
Correo Farmacéutico, 14 de março de 2024
https://www.diariomedico.com/farmacia/industria/tjue-anula-negativa-ema-autorizar-hopveus-alcoholismo-conflicto-intereses-evaluador.html
Traduzidospor Salud y Fármacos, publicado em Boletim Fármacos: Ética 2024; 2 (3)

Tags: conflito de interesses, Tribunal de Justiça da União Europeia, EMA, D&A Pharma, Hopveus, rejeição de comercialização, CHMP, Comissão Europeia, princípio do contraditório, sentença do TJUE, grupo de especialistas, imparcialidade objetiva, procedimento viciado

Um membro do grupo de especialistas 'ad hoc' criado para avaliar o Hopveus, medicamento da D&A Pharma para combater o alcoolismo, teve um “conflito de interesses”, diz o TJUE.

Essa não é a primeira vez – lembrem do processo aberto pela PharmaMar contra a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) pela rejeição de seu medicamento órfão Aplidin – que um laboratório acusa a EMA de falta de imparcialidade de um dos membros que participaram na autorização de um fármaco que foi rejeitado.

O Tribunal de Justiça da União Europeia deu sentença sobre o último conflito relacionado a essa falta de imparcialidade iniciada pelo laboratório D&A Pharma em resposta à rejeição da EMA em comercializar o Hopveus, um medicamento à base de oxibato de sódio indicado para controlar a adicção de álcool. 

Depois da primeira rejeição de autorização do Hopveus pelo Comitê de Medicamentos de Uso Humano (CHMP), que faz parte da EMA, a D&A Pharma solicitou um reexame, propondo uma revisão das indicações terapêuticas do medicamento, bem como a convocação de um grupo científico consultivo de psiquiatria.

Uma Segunda Avaliação
O Comitê da EMA reavaliou o medicamento e concluiu com o mesmo resultado desfavorável para o Hopveus. Assim sendo, a Comissão Europeia rejeitou a comercialização do Hopveus em julho de 2020.

Então, A D&A Pharma solicitou ao Tribunal Geral que anulasse a decisão da Comissão, alegando “falta de imparcialidade dos especialistas consultados (argumentando que eles estavam em uma situação de conflito de interesses) e violação do princípio do contraditório”.

O Tribunal Geral negou provimento ao recurso e o caso foi para o Tribunal de Justiça da União Europeia, que agora proferiu uma sentença anulando a decisão do Tribunal Geral e também a decisão da Comissão que rejeitou o pedido de autorização de comercialização do Hopveus.

Um Procedimento Viciado
Em sua sentença, o Tribunal de Justiça destaca, em primeiro lugar, que um membro do grupo de especialistas consultado pelo CHMP se encontrav em conflito de interesses, o que viciou substancialmente o procedimento, e agrega que a decisão de convocar um grupo ad hoc de especialistas no lugar de consultar o GCC de psiquiatria (o grupo de especialistas em cada especialidade) constitui uma falha que afeta o procedimento para a adoção do entendimento da EMA, que por sua vez afeta o procedimento para a adoção da decisão da Comissão.

A continuação, destaca que a decisão do Tribunal Geral está viciada por um erro de direito, na medida em que “a interpretação do Tribunal Geral da política de interesses conflitantes é incompatível com o princípio da imparcialidade objetiva”.

Consulta obrigada do CHMP
De fato, a EMA é obrigada a se comprometer com que o CHMP consultará sistematicamente o GCC quando o requerente do reexame solicitar tal consulta em tempo hábil e de forma devidamente motivada.   

Definitivamente, a sentença do TJUE diz que a EMA não pode contornar a obrigação de “imparcialidade objetiva” exigindo que o requerente demonstre a parcialidade do membro do comitê em questão, pois ela “deve garantir que os especialistas que consulta não estejam em uma situação de conflito de interesses”.

creado el 15 de Noviembre de 2024