Resumo
Em 2016, o Nuplazid (pimavanserina) virou o primeiro tratamento aprovado pela FDA para a Psicose da Doença de Parkinson (PDP). Exploramos a possibilidade de que a PDP tenha sido um termo criado para comercializar o Nuplazid. Analisamos as tendências nas percepções da PDP da década de 1990 a 2020, com base na frequência com que esses termos de pesquisa aparecem no MEDLINE, livros didáticos de neurologia, guias de associações profissionais, relatórios anuais da Acadia, sites patrocinados e uma reunião patrocinada realizada pelos institutos Nacionais de Saúde (NIH, siglas em inglês).
Analisamos as atividades de formação médica continuada (FMC) sobre PDP e analisamos a conexão entre os pagamentos do fabricante do pimavanserin e as prescrições. Nossa análise de nove atividades de FMC patrocinadas revela a inclusão de informações enganosas, incluindo: a PDP é frequente, progressiva e nem sempre induzida por medicamentos; não existe alucinação benigna e os sintomas psicóticos sempre pioram; a PDP aumenta a mortalidade; e os tratamentos dos competidores são ineficazes ou perigosos, enquanto o pimavanserin é seguro e eficaz para tratar o PDP.
A FMC, patrocinada pela indústria, foi utilizada para divulgar mensagens de marketing inexatas e enganosas sobre a psicose relacionada à doença de Parkinson. Algumas associações profissionais e livros de ensino também resistiram a aceitar a denomiação “PDP”. Redefenir a PDP como uma única condição é um exemplo típico do que se faz para etiquetar um problema de saúde. O estabelecimento da PDP ampliou o uso do pimavanserin e é provável que tenha causado muitas mortes evitáveis.