A credibilidade das empresas farmacêuticas tem sido, em várias ocasiões, objeto de debate na comunidade científica. A análise recente do atraso na notificação de mortes associadas à vacina BNT162b2 da Pfizer-BioNTech lançou mais dúvidas sobre essa questão.
A autorização emergencial concedida pela FDA tem sido a pedra angular da vacinação global contra a COVID-19. No entanto, a transparência na divulgação de dados é fundamental para a confiança do público. Essa história, com suas reviravoltas e revelações, destaca a importância de uma análise completa e transparente.
O relatório que mudou tudo
Uma análise publicada no International Journal of Vaccine Theory, Practice, and Research revelou um aumento de 3,7 vezes no número de mortes cardíacas entre os participantes do estudo que receberam a vacina. Como é possível que os órgãos reguladores e o público não tenham conhecimento desses dados?
Corinne Michels, Ph.D., professora emérita de biologia no Queens College, Nova York, liderou uma equipe de pesquisadores que conduziu o que é descrito como o primeiro exame independente dos dados originais do ensaio clínico da vacina contra a COVID-19 da Pfizer-BioNTech.
O que eles descobriram Entre 13 de março de 2020 e 27 de julho de 2020, foram registradas 38 mortes. O estudo envolveu 44.060 participantes, metade dos quais recebeu uma dose de BNT162b2 e a outra metade um placebo.
O que chama a atenção é o fato de que 20 semanas após a FDA emitir a EUA (Autorização de Uso Emergencial) para a vacina, os participantes do grupo placebo puderam mudar para o grupo vacinado. Esse ato de “desvinculação” é incomum e geralmente ocorre quando os benefícios do medicamento são tão óbvios que não tratar os participantes se torna antiético.
No entanto, surgiu algo intrigante: após 33 semanas, os dados não mostraram diferença significativa nas mortes entre os grupos vacinado e placebo durante as primeiras 20 semanas do estudo.
A ética por trás da quebra do cegamento
O processo de “desmascaramento” normalmente se baseia na segurança e na eficácia do produto para atingir determinados objetivos. Nesse caso, as condições para esse ato não estavam claras. Foi uma medida ética? Ou havia outros fatores em jogo?
Quando se pensa em ensaios clínicos, imagina-se a busca incessante pela verdade científica. Entretanto, como em uma novela de detetives, as coisas nem sempre são o que parecem.
O ato de quebra do cegamento, normalmente ditado por um projeto ético, torna-se um pouco mais obscuro aqui. Nesse caso, o estudo mostrou que não havia diferença nas taxas de mortalidade. Então, esse ato foi prematuro ou justificado?
Conclusão
A transparência na pesquisa e na publicação de ensaios clínicos é essencial para manter a confiança do público em vacinas e tratamentos. A retenção de dados, seja ela intencional ou não, pode ter consequências graves não apenas para a reputação de uma empresa, mas também para a saúde global. Como sociedade, devemos exigir e priorizar a transparência e a integridade em todos os níveis de pesquisa e desenvolvimento farmacêutico. Afinal de contas, quando se trata de saúde pública, cada detalhe conta.