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Políticas, Regulação, Registro e Disseminação de Resultados

Registrando a transparência: a criação da plataforma internacional de registro de ensaios clínicos pela organização mundial de saúde (2004-2006)

(Registering transparency: the making of the international clinical trial registry platform by the world health organization [2004–2006])
Fernández-González, L
Global Health 2023; 19 (71). https://doi.org/10.1186/s12992-023-00970-5
Traduzido por Salud y Fármacos, publicado em Boletim Fármacos: Ensaios Clínicos 2024; 2(1)

Tags: IERCP, transparência de ensaios clínicos, integridade da ciência, história dos registros de ensaios clínicos, exploração de seres humanos, viés de publicação, fraude na medicina, ICMJE, escândalo do Paxil, regular as empresas farmacêuticas

Resumo
Antecedentes: Este artigo analisa os eventos e as condições que levaram à criação da Plataforma Internacional de Registro de Ensaios Clínicos (IERCP- International Clinical Trials Registry Platform) em 2006 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e como a OMS abordou a questão da transparência na pesquisa farmacêutica global. Usando análise textual histórica, apresento os debates científicos que defenderam a criação de registros oficiais de ensaios clínicos em periódicos médicos além das repercussões do escândalo do Paxil da GSK em 2004, identificando os principais argumentos éticos e científicos que levaram ao envolvimento da OMS como ator importante no registro de ensaios no contexto do modelo de negócios das grandes empresas farmacêuticas.

Resultados: Tratando as perguntas “Por que registrar?” e “Por que registros?” como guia, examino as questões de viés de publicação e seletividade de relatórios pela Indústria, identificando duas maneiras pelas quais a prática de viés de publicação prejudicam a transparência em pesquisas patrocinadas pela Indústria. A primeira envolve preocupações éticas relacionadas à exploração de participantes humanos e à ocultação de resultados negativos. A segunda aborda a deterioração da confiabilidade de evidências devido ao acesso incompleto aos resultados de ensaios. Ao revisar a série de eventos ocorridos entre 2004 e 2006 – período entre o escândalo do Paxil e o lançamento do IERCP -, analiso as ações tomadas pelos diferentes atores envolvidos: (1) o Comitê Internacional de Editores de Periódicos Médicos (ICMJE) e a criação do Grupo de Ottawa; (2) a OMS, partindo da Cúpula Ministerial sobre Pesquisa em Saúde realizada em novembro de 2004, e (3) as respostas da Indústria farmacêutica e, nomeadamente, a da GSK ao pedido de transparência e registro de ensaios.

Conclusões: A história do registro de ensaios usando o IERCP como aparato de asseguração da veracidade de dados mostra a dificuldade em regulamentar um empreendimento de saúde transformado em um negócio global. Além disso, demonstra os desafios apresentados pela globalização e como é mais fácil e rápido globalizar negócios em comparação com a globalização de boas práticas, levantando a questão de que tem sido tão difícil desfazer certas tendências. De fato, a história do movimento a favor de um registro de ensaios não é uma história de sucesso em regulamentação, ou pelo menos ainda não.

creado el 11 de Noviembre de 2024