Salud y Fármacos is an international non-profit organization that promotes access and the appropriate use of pharmaceuticals among the Spanish-speaking population.

Notícias sobre a Covid

Revelando iniquidades na cobertura vacinal contra a Covid-19 para adultos e idosos no Brasil: Um estudo multinível de dados de 2021-2022

(Uncovering inequities in Covid-19 vaccine coverage for adults and elderly in Brazil: A multilevel study of 2021–2022 data)
Boing AF, Boing AC, Barberia L, Borges ME, Subramanian SV
Vaccine. Volume 41, Issue 26, 13 June 2023, Pages 3937-3945
https://doi.org/10.1016/j.vaccine.2023.05.030 (disponível gratuitamente na íntegra em inglês)
Traduzido por Salud y Fármacos

Palavras-chave: Cobertura vacinal. Iniquidades. Factores socioeconómicos. Covid-19. Estudo multinivel. Brasil

A vacinação é crucial para reduzir os casos graves de COVID-19, as hospitalizações e as mortes. No entanto, as disparidades de acesso à vacina dentro dos países, particularmente em nações de baixa e média renda, podem deixar regiões e populações desfavorecidas para trás.

Este estudo teve como objetivo investigar possíveis desigualdades na cobertura vacinal entre brasileiros com 18 anos ou mais com base em características demográficas, geográficas e socioeconômicas em nível municipal.

Um total de 389 milhões de registros de vacinação do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações foi analisado para calcular as taxas de cobertura vacinal para a primeira, segunda e dose de reforço entre adultos (18-59 anos) e idosos (60 anos ou mais) vacinados entre janeiro de 2021 e dezembro de 2022. Analisamos os dados por sexo e utilizamos uma análise de regressão multinível em três níveis (municípios, estados, regiões) para avaliar a associação entre a cobertura vacinal e as características municipais.

A cobertura vacinal foi maior entre os idosos do que entre os adultos, principalmente para a segunda dose e a dose de reforço. As mulheres adultas apresentaram coberturas mais elevadas que os homens (variando de 118% a 25% mais elevadas ao longo do período analisado).

Desigualdades significativas foram observadas quando se analisou a evolução da cobertura vacinal por características sociodemográficas dos municípios. Nas fases iniciais da campanha de vacinação, os municípios com maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita, escolaridade e menor número de moradores negros alcançaram coberturas populacionais mais precoces.

Em dezembro de 2022, a cobertura da vacina de reforço em adultos e idosos foi 43% e 19%, respetivamente, maior nos municípios do quintil mais alto de escolaridade. A maior adesão à vacina também foi observada em municípios com menor número de residentes negros e maior PIB. Os municípios foram responsáveis pela maior parte da variação na cobertura vacinal (59,7% a 90,4%, dependendo da dose e da faixa etária).

Este estudo enfatiza a cobertura inadequada de reforço e a presença de disparidades socioeconômicas e demográficas nas taxas de vacinação contra a COVID-19. Estas questões devem ser abordadas através de intervenções equitativas para evitar potenciais disparidades na morbilidade e mortalidade

Notas da Salud y Fármacos:
A discussão sobre desigualdade social é essencial no Brasil, especialmente em situações de emergência sanitária. A pesquisa liderada pelos professores Alexandra e Antonio Boing, do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), aponta que os municipios brasileiros amis pobres, com menor média de escolaridade e com maior número de população negra são aqueles que representam menores taxas de vacinação.

Esses dados revelam que o Programa Nacional de Imunização (PNI) no Brasil não alcança igualmente a todos os cidadãos brasileiros.

A desigualdade social durante a maior emergência sanitária do país neste século não foi devidamente monitorada e isso significa que o principio da equidade tão caro ao Sistema Único de Saúde não tem sido devidamente seguido na prática.

As iniquidades, ou seja, as situações de desigualdade injusta e evitável, deveriam ser melhor abordadas nas políticas estatais de vacinação. São necessárias ações específicas e estratégias por parte do Governo Federal para enfrentar os problemas identificados de modo a promover as condições para que a equidade na distribuição de vacinas garantam a igualdade de acesso a imunização.

Fontes consultadas

  1. Almeida C, Gomes S. Brasil não levou desigualdade social em conta na estratégia de vacinação contra covid. Jornal da USP Publicado: 16/06/2023. https://jornal.usp.br/ciencias/brasil-nao-levou-desigualdade-social-em-conta-na-estrategia-de-vacinacao-contra-covid/
  2. Garcia R. Desigualdade do país tem impacto forte na vacinação, mesmo gratuita, mostra estudo. O Globo. 19/06/2023. https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2023/06/desigualdade-do-pais-tem-impacto-forte-na-vacinacao-mesmo-gratuita-mostra-estudo.ghtml
creado el 6 de Julio de 2023