Outsorcing publicou uma nota [1] descrevendo os aspectos de estudos descentralizados que podem atrair participantes para os ensaios clínicos. A continuação, resumimos alguns dos pontos mais importantes. Ressalte-se que, na perspectiva de Salud y Fármacos, o importante não é aumentar a participação, mas garantir a integridade das informações coletadas e proteger os seres humanos.
Também deve ser levado em consideração que as condições socioeconômicas dos EUA e da Europa são muito diferentes das dos países de baixa e média renda. Nesses países existem residências multifamiliares, com poucos cômodos, portanto não há privacidade e como Salud y Fármacos apurou em um estudo na Argentina, Brasil, Colômbia, México e Peru, há pessoas que preferem não serem visitadas em suas casas por causa do que os vizinhos poderiam pensar. Também, pode haver problemas com a plataforma para informar sobre o estado de saúde, problemas para entender o consentimento informado, problemas com smartphones porque os perdem ou roubam como aconteceu no Peru, mais de uma vez, durante o ensaio clínico. Ou seja, os resultados deste estudo não são exportáveis para outros países.
As respostas às questões realizadas neste estudo são úteis, mas não novas, já foram utilizadas em outros contextos: existem milhares de pessoas que medem a pressão em casa, as consultas médicas estão sendo feitas por telefone ou zoom nas zonas rurais já faz muitos anos, muito comuns em pediatria. Por outro lado, é fácil saber que se a consulta for com um “auxiliar de médico ou enfermeiro” é mais cômodo para eles virem a sua casa do que ir ao consultório médico, e que se for uma questão de explicar como se sente também é mais confortável fazê-lo por telefone do que ir ao consultório.
Mas isso pode não ser o caso em países de baixa e média renda, onde os pacientes em ensaios clínicos nos disseram que uma das coisas que mais os atrai sobre os ensaios clínicos é que eles são atendidos no hospital onde sabem que irão receber um bom atendimento. Isso lhes dá segurança, se sentem bem tratados porque se lembram das longas filas que tiveram que fazer quando tiveram que receber atendimento médico e do tratamento rude que receberam.
Se uma coisa é conhecida sobre ensaios clínicos, é que, com pouquíssimas exceções, os participantes de pesquisa clínica, ao terminar os ensaios, agradecem muito o excelente atendimento que receberam. Mais de uma vez eles perguntaram se há outro ensaio clínico do qual possam participar. Deve-se levar em consideração que em países de baixa e média renda a maioria dos pacientes pertence a um estrato social baixo. Com essas ressalvas, apresentamos os resultados da pesquisa.
De acordo com a pesquisa do Life Science Strategy Group (LSSG) com 800 pessoas, na América do Norte e Europa, os elementos de ensaios clínicos descentralizados que são mais atraentes para a participação são: visitas domiciliares por enfermeiros, o uso de dispositivos móveis conhecidos para relatar sua saúde e chamadas de telemedicina com um médico. Nem todos os entrevistados tinham participado de ensaios clínicos nos últimos dois anos.
Entre os 360 entrevistados e com experiência de ter participado em ensaios clínicos, 93% valorizaram como positiva a visita domiciliária por enfermeiros e é a característica dos ensaios descentralizados que mais os predispõe a participar em ensaios futuros. Usando um smartphone ou tablet para registrar dados sobre sua saúde e enviá-los por Internet. As visitas de telemedicina com médicos tiveram 83% e 82% de respostas positivas, respectivamente. Oitenta e um por cento dos entrevistados valorizaram positivamente o acesso a portais online e a entrega de tratamentos domiciliários.
Apenas 9% dos entrevistados prefeririam que fossem feitas menos coisas em casa, enquanto quase dois terços da população em geral e participantes que já haviam participado de testes prefeririam que mais coisas fossem realizadas em casa.
Esses resultados refletem o desejo dos participantes em potencial de que os ensaios clínicos sejam mais convenientes e menos onerosos, embora continuem a valorizar a interação pessoal e face a face com um médico no momento de decidir se participarão. A interação pessoal também é importante para a satisfação do participante.
As respostas divergiram com base na frequência com que os participantes viajaram para os centros de ensaios clínicos e a distância que tiveram que percorrer.
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