As gliptinas são medicamentos para redução da glicose da classe dos miméticos da incretina. Elas inibem a dipeptidilpeptidase-4 (DPP-4), uma enzima que cataboliza as incretinas, que são hormônios que estimulam a secreção de insulina pós-prandial. Várias gliptinas estão autorizadas para uso na União Europeia: alogliptina (comercializada sozinha como Vipidia° e combinada com metformina no Vipdomet°), linagliptina (sozinha no Trajenta°, combinada com metformina no Jentadueto° e com empagliflozina no Glyxambi°); saxagliptina (sozinha no Onglyza° e combinada com metformina no Komboglyze°); sitagliptina (sozinha em Januvia° e Xelevia°, por exemplo, e combinada com metformina em Janumet° e Velmetia°); e vildagliptina (sozinha em Galvus°, por exemplo, e combinada com metformina em Eucreas°, por exemplo) [1].
No final de 2022, uma revisão sistemática e uma meta-análise investigaram o risco de distúrbios biliares em adultos com diabetes tipo 2 tratados com gliptina [2]. Ela incluiu 82 ensaios clínicos randomizados, em um total de 104.833 pacientes, nos quais a gliptina foi comparada com placebo ou com um medicamento sem incretina.
Um risco estatisticamente maior significativo de colecistite foi encontrado no grupo da gliptina comparado ao grupo do placebo ou ao grupo de medicamentos sem incretina: razão de probabilidade (OR) 1,4, intervalo de confiança de 95% (IC95%) 1,1-1,8, o que corresponde a cerca de 15 casos adicionais de colecistite por 10.000 pessoas-ano. O risco parece aumentar com a duração da exposição.
Outra meta-análise, realizada pela mesma equipe, mostrou um risco aumentado de distúrbios biliares em pacientes tratados com miméticos da incretina da classe dos agonistas do GLP-1, como liraglutide (Victoza°, Saxenda°) e semaglutide (por exemplo, Ozempic°). O risco relativo estimado para colecistite foi de 1,4 (95CI 1,1-1,6) e 1,3 (95CI 1,1-1,5) para cálculos biliares [3].
NA PRÁTICA Se um paciente tratado com um agonista de gliptina ou GLP-1 desenvolver dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, é útil considerar a possibilidade de doença biliar e o possível papel do medicamento. Esses distúrbios biliares podem levar à dor e a complicações (pancreatite, colecistite) e fazer com que o paciente seja submetido a tratamento farmacológico, investigações ou colecistectomia. As gliptinas não têm eficácia comprovada contra as complicações da diabetes e têm um perfil de efeitos adversos oneroso, o que as torna medicamentos a serem evitados [4].
Referências