A Pharmaceutical Technology [1] e a Regulatory News [2] informam que a FDA enviou uma carta de advertência à Cipla após receber milhares de queixas sobre produtos defeituosos e após realizar uma inspeção de 12 dias em sua fábrica de Pithampur em Indore, Madhya Pradesh, no início de 2023. A continuação, oferecemos um resumo de estas notícias.
Na carta de advertência emitida na sexta-feira, 17 de novembro [3], a FDA destacou várias violações de boas práticas de fabricação (cGMP). Em março de 2023, a FDA já havia emitido um Formulário 483.
A empresa recebeu aproximadamente 3.000 reclamações sobre o spray de sulfato de albuterol que começou a comercializar em abril de 2020. Após fazer uma avaliação de risco em 2021, a Cipla concluiu que não havia risco algum para a qualidade do produto e nem para a segurança do paciente.
A agência disse que a maioria das 3.000 queixas, ou 91%, foram apresentadas entre abril de 2020 e dezembro de 2022 e se referiam a produtos ou foram vendidos “sem aerossol” ou “vazios/menos pesados”. Muitas dessas reclamações permaneceram abertas por até 314 dias.
A Cipla identificou um problema com as válvulas dos inaladores que fazia com que as partículas bloqueassem a entrega do medicamento. Porém, a empresa minimizou o problema, caracterizou o defeito como um problema não crítico e determinou que nenhum alerta era necessário, pois “não havia risco à qualidade do produto e nem à segurança do paciente”. Os lotes de aerossóis de inalação de sulfato de albuterol afetados permaneceram no mercado até suas datas de validade. Em 27 de junho de 2023, a Cipla fez a retirada de mercado de apenas seis lotes por causa da válvula defeituosa, mas a empresa não estendeu a investigação a outros lotes de produtos potencialmente afetados.
A Cipla informou à FDA que recebeu mais 2.000 queixas entre janeiro de 2023 e agosto de 2023 por problemas semelhantes. Muitas dessas reclamações ainda estão sendo investigadas.
De acordo com o relatório de inspeção, a empresa não deu seguimento a estas queixas dos usuários de forma adequada, os controles para prevenir a contaminação microbiológica eram inadequados e a supervisão dos registros de boas práticas de fabricação era frouxa.
Em setembro de 2021, a empresa isolou um micróbio gramnegativo, Ralstonia picketii, de múltiplos meios. Em novembro de 2021, a empresa isolou Pseudomonas stutzeri de um meio. A empresa atribuiu essa contaminação a uma perfuração do dispositivo durante o manuseio ou a movimentação das amostras preenchidas. Além disso, em março de 2022, a Cipla isolou o patógeno gramnegativo resistente a medicamentos Stenotrophomonas maltophilia de vários meios e determinou que a causa principal foi um vazamento de uma vedação em uma válvula danificada e um filtro que estava deformado.
“A presença de qualquer microrganismo altamente patógeno em um ambiente de processamento asséptico apresenta um risco maior para pacientes que, por exemplo, são imunocomprometidos, têm fibrose cística ou doença obstrutiva crônica das vias respiratórias”, escreveu a FDA. A agência também observou que “a presença de tais micróbios deve ser investigada urgentemente e remediada de maneira eficaz”.
Outra violação observada pelos Investigadores foi a má supervisão por parte da Cipla de os registros originais de boas práticas de fabricação. Um investigador observou um caminhão carregado com sacos de sucata, bem como sacos armazenados em um depósito de sucata destinados à trituração. “A destruição descontrolada de registros de boas práticas e a ausência de sistemas de documentação adequados levantam dúvidas sobre a eficácia da gestão de operações e questionam a integridade e a precisão dos seus registros práticas de fabricação”, escreveu a FDA.
A FDA fez observações semelhantes em uma carta de advertência de fevereiro de 2020 sobre a fábrica da Cipla em Goa, Índia
“Essas falhas repetidas em vários locais demonstram que a supervisão e o controle da administração sobre a fabricação de medicamentos são inadequados”, escreveu a FDA.
A FDA recomendou que a Cipla contratasse um consultor de CGMP e deu à empresa 15 dias para responder à última carta de advertência. Essa carta de advertência atrasou o cronograma de lançamento do Advair genérico da Cipla nos EUA. Esse genérico corresponde ao Advair Diskus da GSK, um medicamento combinado de dose fixa que contém propionato de fluticasona e salmeterol, usado para tratar asma e doença pulmonar obstrutiva crônica. Em 2022, o Advair Diskus gerou US$ 1,2 bilhão em vendas.
Em setembro, a empresa adquiriu a empresa sul africana Actor Pharma, por meio de sua filial Cipla Medpro South Africa, como parte de seus planos de crescimento na região.
Em 2017, a empresa investiu US$ 88 milhões para construir uma fábrica na África do Sul para fabricar biossimilares. No início deste ano, a Cipla também assinou um acordo de licenciamento com a Novartis para fabricar e comercializar o medicamento para diabetes Galvus da Novartis, juntamente com suas combinações.
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