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Conflitos de Interesse

Brasil. Táticas da Novo Nordisk para incluir a liraglutide (irmão do Ozempic) no SUS

Salud y Fármacos
Boletim Fármacos: Ética 2024; 2 (2)

Tags: sobornos a políticos, liraglutida, sobornos a parlamentarios

Um grupo do Brasil, O Joio e o Trigo, publicou um artigo [1] que descreve as atividades de promoção da Novo Nordisk e sua embaixada no Brasil para facilitar a introdução de seus lucrativos medicamentos para perda de peso no sistema nacional de saúde [SUS]. A seguir, traduzimos alguns dos parágrafos mais relevantes:

Em março deste ano, enquanto o Ministério da Saúde ainda avaliava a solicitação formal da Novo Nordisk para a inclusão da liraglutida no SUS, um grupo de deputados brasileiros ligados à saúde foi convidado a visitar a Dinamarca, com todas as despesas pagas pela embaixada.

Os deputados também visitaram o parlamento dinamarquês para conhecer a dinâmica das agendas de saúde e o sistema de compras públicas.

Alguns dias antes, outro grupo de parlamentares esteve na Dinamarca por convite da embaixada para fazer um tour que também incluía a Novo Nordisk.

Nenhum dos parlamentares reportou oficialmente a viagem.

Após a publicação da reportagem, a Novo Nordisk enviou uma nota informando que o motivo das visitas às instalações da Novo Nordisk “na Dinamarca foi devido à liderança e destaque que a empresa tem no país, e não tinha nenhuma relação com a proposta de solicitar a cobertura de Saxenda® pelo SUS”. Rapidamente acrescentou que a empresa “está comprometida em ampliar o acesso às suas tecnologias para o tratamento adequado da obesidade, um problema crônico que, segundo o Atlas Mundial da Obesidade, afeta cerca de 40 milhões de pessoas apenas no Brasil. Portanto, decidiu submeter a liraglutida, comercialmente denominada Saxenda®, para avaliação de sua inclusão no SUS, visto que o protocolo atual de tratamento da doença apresenta uma lacuna entre as mudanças de estilo de vida e a cirurgia bariátrica”.

O preço de venda de Saxenda (nome comercial da liraglutida) é de R$686 (1US$=5R) por cada pacote com três canetas de 6 mg cada uma. Para o tratamento da obesidade, são necessárias pelo menos cinco canetas por mês. Ozempic (semaglutida) é ainda mais caro: a versão de 1 mg pode custar mais de R$1.000. De acordo com projeções apresentadas pela própria Novo Nordisk e confirmadas pelo comitê que analisou o pedido de inclusão do medicamento, o custo para o SUS seria significativamente elevado: R$12,600 milhões para tratar, durante cinco anos, 2,8 milhões de pacientes com liraglutida 3mg. Este cálculo considera pessoas com um IMC superior a 35 kg/m², pré-diabéticas e com risco de doenças cardiovasculares.

Referencia

  1. Mariana Costa. O passo a passo do lobby para irmão do Ozempic entrar no SUS https://ojoioeotrigo.com.br/2023/12/o-passo-a-passo-do-lobby-para-irmao-do-ozempic-entrar-no-sus/
creado el 10 de Agosto de 2024