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Reações Adversas

Medicamentos Associados à Osteoporose e Fraturas Relacionadas

(Drugs Associated with Osteoporosis and Related Fractures)
Worst Pills, Best Pills. Janeiro 2024
Traduzido por Salud y Fármacos, publicado em Boletim Fármacos: Farmacovigilância 2024;1(4)

A osteoporose ocorre quando há uma diminuição da densidade mineral óssea e da qualidade dos ossos, o que pode enfraquecê-los, tornando-os facilmente suscetíveis a fraturas. É uma condição silenciosa porque as pessoas com ossos com osteoporose podem não observar nenhuma alteração em sua saúde óssea até que quebrem um osso, geralmente no quadril, na coluna ou no pulso.[1]

Muitas pessoas sabem que determinados fatores — como envelhecimento, baixos níveis de estrogênio em mulheres (principalmente pós-menopausa) e uma dieta carente de cálcio, proteína ou vitamina D — aumentam o risco de osteoporose e fraturas.

Poucas pessoas, todavia, sabem que certos medicamentos — especialmente quando tomados em doses altas ou por um período prolongado — também estão associados à osteoporose e a fraturas. O aumento do risco pode ou não desaparecer após a descontinuação desses medicamentos. Portanto, é importante aprender sobre os vários medicamentos associados a esses riscos para proteger a si mesmo e aos seus entes queridos.

Corticosteróides
Os corticosteróides sintéticos (também chamados de glicocorticoides) são uma família de medicamentos esteróides adrenais usados para tratar muitas condições, incluindo doenças autoimunes e certas condições alérgicas ou inflamatórias. Os corticosteróides também são usados como terapia imunossupressora após o transplante de medula óssea e do transplante de órgãos sólidos. As formulações orais desses medicamentos incluem dexametasona (HEMADY e genéricos), hidrocortisona (ALKINDI SPRINKLE, CORTEF e genéricos), metilprednisolona (MEDROL e genéricos) e prednisona (RAYOS e genéricos).

Já que induzem a osteoporose dependendo de sua dose e tempo de uso, os corticosteróides são a causa mais comum de osteoporose relacionada a medicamentos.[2] Sem tratamento, a densidade mineral óssea diminui nos primeiros três meses após o início do uso de corticosteróides de via oral, com esse efeito adverso atingindo o pico após seis meses de uso.[3] Subsequentemente, a densidade mineral óssea pode continuar a diminuir em até 3% ao ano com o uso contínuo desses medicamentos.

É importante ressaltar que os corticosteróides inalados — que são usados para tratar asma e doença pulmonar obstrutiva crônica — têm um risco menor de osteoporose porque tendem a agir localmente, nas vias aéreas respiratórias.

Medicamentos para Diabetes
Duas classes de droga usadas para tratar o diabetes tipo 2 estão associadas à osteoporose ou a fraturas. A primeira classe, a das tiazolidinedionas — principalmente a pioglitazona (ACTOS e genéricos) — diminui a densidade mineral óssea e aumenta o risco de fratura.[4] O aumento do risco de fratura associado ao uso desses medicamentos ocorreu em mulheres jovens mesmo sem outros fatores de risco para osteoporose.

Adicionalmente, o uso de inibidores do cotransportador de sódio e glicose-2 — geralmente chamados de “flozinas” ou “gliflozinas”, incluindo canagliflozina (INVOKANA) e dapagliflozina (FARXIGA) — aumenta o risco de fraturas. [5] Por exemplo, em um importante ensaio clínico , o uso da canagliflozina resultou em um aumento do risco de fraturas a partir de 26 semanas de terapia, até o final do ensaio (aproximadamente 6 anos).[6] Nesse ensaio, as fraturas foram mais prováveis de ocorrer após um trauma pequeno (como uma queda de uma altura não maior do que a altura de quem está em pé) e afetaram as partes distais das extremidades superiores e inferiores.

Medicamentos para Epilepsia
A epilepsia pode causar fraturas devido a quedas causadas por convulsões ou pela perda de consciência. Ademais, o uso de todos os medicamentos antiepilépticos — incluindo carbamazepina (Carbatrol, Epitol, Equetro, Tegretol, Teril e genéricos), fenobarbital (Sezaby) e fenitoína (Dilantin, Phenytek e genéricos) — está associado à osteoporose e ao aumento do risco de fraturas em crianças e adultos.[7,8]

O risco de fratura devido a medicamentos antiepilépticos depende da dose cumulativa e da duração da terapia. Assim sendo, os pacientes que tomam esses medicamentos em longo prazo devem ser examinados quanto à osteoporose antes e durante o seu tratamento.

Heparin
A heparina não fracionada (somente genérico) é um anticoagulante injetável usado para prevenir e tratar a trombose venosa profunda (coágulos sanguíneos em uma veia calibrosa) e a embolia pulmonar (coágulos no pulmão). O uso prolongado de doses altas de heparina está associado à osteoporose e a fraturas.[9] Especificamente, existem evidências de que até um terço dos usuários de heparina a longo prazo apresentam uma redução na densidade mineral óssea. Adicionalmente, fraturas vertebrais sintomáticas ocorreram em 2% das mulheres que tomam heparina para prevenir coágulos sanguíneos.

É importante destacar que o uso de heparinas de baixo peso molecular — como a dalteparina (FRAGMIN) e a enoxaparina (Lovenox e genéricos) — não foi associado a uma diminuição da densidade mineral óssea e nem a um aumento do risco de fratura [10].

Tratamento hormonal para tratar certos tipos de câncer
Usados para tratar o câncer de mama com receptor de estrogênio positivo, os inibidores da aromatase — como o anastrozol (Arimidex e genéricos) e o exemestano (Aromasin e genéricos) — diminuem a densidade mineral óssea e a qualidade dos ossos.

De maneira semelhante, o uso de medicamentos injetáveis agonistas do hormônio liberador de gonadotropina — como leuprolide (Eligard, Lupron Depot, outras marcas e genéricos) e triptorelina (Trelstar, Triptodur) — que são comumente usados para tratar cânceres de mama e de próstata dependentes de hormônio, podem causar perda óssea [11]. Especificamente, o uso desses medicamentos foi associado a uma redução de aproximadamente 6% por ano na densidade mineral óssea.

Medroxyprogesterona
De todos os anticoncepcionais hormonais, somente o medicamento injetável medroxiprogesterona (Depo-Provera, Depo-Subq Provera e genéricos) está associado à osteoporose. Esse medicamento pode causar até 8% de perda de densidade mineral, especialmente nos dois primeiros anos de tratamento [12].

Assim sendo, o rótulo da medroxiprogesterona traz uma advertência de tarja preta — a advertência mais proeminente requerida pelo Food and Drug Administration — indicando que as mulheres que usam esse medicamento podem perder densidade mineral óssea significativa e que a perda óssea é maior com o aumento da duração do uso desse medicamento [13]. A advertência também adverte que o uso de medroxiprogesterona durante a adolescência ou no início da idade adulta diminui o pico de massa óssea, aumentando o risco de fraturas mais tarde na vida.

Inibidores de bomba de prótons
O uso de inibidores da bomba de prótons bloqueadores da acidez estomacal — como o dexlansoprazol (Dexilant e genéricos), o esomeprazol (Nexium e genéricos) e o omeprazol (Prilosec e genéricos) — está associado à diminuição da densidade mineral óssea na coluna lombar e no quadril, assim como ao aumento do risco de fraturas por fragilidade vertebral e não vertebral [14].

O risco de fratura com o uso desses medicamentos é maior em pacientes que recebem múltiplas doses diárias desses medicamentos ao longo de pelo menos um ano [15].

Terapia hormonal para tireoide
Quando usados em dosagens adequadas, os medicamentos que tratam o hipotireoidismo (tireoide hipoativa] — como a levotiroxina (Levo-T, Synthroid, Tirosint, outras marcas e genéricos) — não estão associados a uma diminuição da densidade mineral óssea [16].

Porém, o uso de doses mais altas do que o necessário de hormônios da tireoide pode causar perda óssea [17]. Assim sendo, os testes laboratoriais dos hormônios da tireoide devem ser feitos duas vezes por ano para todos os usuários de longo prazo desses medicamentos hormonais e suas dosagens devem ser ajustadas em conformidade com isso.

Outros medicamentos
Uma série de outros medicamentos podem causar perda óssea e fraturas. Entre eles está o medicamento imunossupressor contra o câncer de metotrexato (Trexall, Xatmep e genéricos), quando usado em doses altas[18]. Outros exemplos incluem imunossupressores para transplante de órgãos, como a ciclosporina (Gengraf, Neoral, Sandimmune e genéricos) e o tacrolimus (AstagraF XL, Envarsus XR, Prograf e genéricos).

Adicionalmente, alguns medicamentos quimioterápicos, como a ciclofosfamida (CYTOXAN e genéricos), estão associados com a osteoporose.

O que Você Pode Fazer
Se estiver tomando um medicamento que possa causar perda óssea ou causar fraturas, consulte seu médico sobre a possibilidade de mudar para outra alternativa medicamentosa segura. Se isso não for possível, trabalhe com seu médico para usar a menor dose possível desse medicamento pelo menor tempo possível.

Quando tomando esses medicamentos, é essencial maximizar a saúde óssea consumindo uma dieta equilibrada com altas quantidades de cálcio e vitamina D, realizar exercícios diários de carregamento de peso — como jardinagem, subir escadas e caminhar — e tomar suplementos de cálcio ou vitamina D, quando necessário.[19] Também é importante evitar o uso de álcool e fumar.

Consulte seu médico para saber se é necessário fazer um exame de osteoporose antes e durante o tratamento de longo prazo com medicamentos que causam perda óssea, como antiepilépticos e corticosteroides.

Referências

  1. National Institute on Aging. Osteoporosis. November 15, 2022. https://www.nia.nih.gov/health/osteoporosis. Accessed October 31, 2023.
  2. Wang LT, Chen LR, Chen KH. Hormone-related and drug-induced osteoporosis: A cellular and molecular overview. Int J Mol Sci. 2023;24[6]:5814.
  3. Hant FN, Bolster MB. Drugs that may harm bone: Mitigating the risk. Cleve Clin J Med. 2016;83[4]:281-288.
  4. Panday K, Gona A, Humphrey MB. Medication-induced osteoporosis: Screening and treatment strategies. Ther Adv Musculoskelet Dis. 2014;6[5]:185-202.
  5. Blau JE, Taylor SI. Adverse effects of SGLT2 inhibitors on bone. Nat Rev Nephrol. 2018;14[8]:473-474.
  6. Janssen Pharmaceuticals, Inc. Label: canagliflozin [INVOKANA]. July 2023. https://www.accessdata.fda.gov/drugsatfda_docs/label/2023/204353s042,205879s019lbl.pdf. Accessed October 31, 2023.
  7. Nguyen KD, Bagheri B, Bagheri H. Drug-induced bone loss: a major safety concern in Europe. Expert Opin Drug Saf. 2018;17[10]:1005-1014.
  8. Panday K, Gona A, Humphrey MB. Medication-induced osteoporosis: Screening and treatment strategies. Ther Adv Musculoskelet Dis. 2014;6[5]:185-202.
  9. Tannirandorn P, Epstein S. Drug-Induced Bone Loss. Osteoporos Int. 2000;11[8]:637-659.
  10. Vestergaard P. Drugs causing bone loss. In: Stern PH, ed. Bone Regulators and Osteoporosis Therapy [Handbook of Experimental Pharmacology, 262]. Springer; 2020:475-497.
  11. Nguyen KD, Bagheri B, Bagheri H. Drug-induced bone loss: a major safety concern in Europe. Expert Opin Drug Saf. 2018;17[10]:1005-1014.
  12. Ibid.
  13. Pfizer Inc. Label: medroxyprogesterone [DEPO-PROVERA]. December 2020. https://www.accessdata.fda.gov/drugsatfda_docs/label/2020/020246s060s062lbl.pdf. Accessed October 31, 2023.
  14. Nguyen KD, Bagheri B, Bagheri H. Drug-induced bone loss: a major safety concern in Europe. Expert Opin Drug Saf. 2018;17[10]:1005-1014.
  15. Covis Pharma. Label: omeprazole [PRILOSEC]. July 2023. https://www.accessdata.fda.gov/drugsatfda_docs/label/2023/022056s026lbl.pdf. Accessed October 31, 2023.
  16. Vestergaard P. Drugs causing bone loss. In: Stern PH, ed. Bone Regulators and Osteoporosis Therapy [Handbook of Experimental Pharmacology, 262]. Springer; 2020:475-497.
  17. Pizzorno J, Pizzorno L. Commonly prescribed and over-the-counter drugs as secondary causes of osteoporosis—part two. Integr Med. 2021;20[3]:8-14.
  18. Panday K, Gona A, Humphrey MB. Medication-induced osteoporosis: Screening and treatment strategies. Ther Adv Musculoskelet Dis. 2014;6[5]:185-202.
  19. Lewiecki EM. Prevention of osteoporosis. UpToDate. September 2023.
creado el 28 de Octubre de 2024