Em 2023, uma equipe dos EUA publicou um relato de caso de uma mulher de 39 anos de idade que havia tomado 100 mg por dia de clomifeno (Clomid° ou outras marcas) durante 3 dias, um agonista/antagonista de estrogênio utilizado para tratar a infertilidade por meio da indução da ovulação. A mulher descreveu distúrbios visuais caracterizados por um rastro borrado de múltiplas imagens que permaneciam atrás de sua mão enquanto ela a movia pelo campo de visão, ou seja, palinopsia (persistência de uma imagem na retina depois que o objeto não está mais no campo de visão). O clomifeno foi suspenso e a palinopsia regrediu lentamente, desaparecendo completamente em 10 dias [1]. Outros relatos de casos de palinopsia associada ao clomifeno foram publicados; em alguns casos, a palinopsia persistiu durante meses ou até anos após a suspensão da exposição ao medicamento [1].
Em 2023, a Agência Francesa de Produtos de Saúde (ANSM) alertou sobre o risco de distúrbios visuais graves relacionados ao clomifeno [2,3].
Esses transtornos visuais geralmente são reversíveis sua incidência aumenta com doses altas ou exposição prolongada. O mecanismo que está por trás disso é desconhecido [2,3].
As anormalidades observadas incluem visão embaçada, sensação de pontos de luz brilhantes ou intermitentes, palinopsia, aumento da sensibilidade à luz (fotofobia), dor ocular, acomodação anormal e escotomatismo [2,3]. Também foram descritas perdas parciais ou totais de visão, reversíveis ou permanentes.
Adicionalmente, foram relatados casos de neurite óptica, neuropatia óptica isquêmica, oclusão da veia central da retina, descolamento da retina e descolamento do vítreo [2].
Na Prática É importante informar as pacientes tratadas com clomifeno sobre o risco de transtornos visuais, inclusive por algum tempo depois que o tratamento for interrompido, e aconselhá-las a procurar ajuda médica imediatamente se surgirem distúrbios visuais incomuns.
Referências