Novos documentos regulatórios mostram que a Pfizer tinha evidências no início da campanha de vacinação de que a eficácia de sua vacina havia diminuído, mas levou meses para alertar o público. No final de 2020, a mídia estava saturada de relatórios triunfantes as vacinas contra a covid-19, proclamando que as vacinas da Pfizer e da Moderna tinham “95%de efetividade [1]. Milhões de pessoas concordaram em receber as vacinas pensando que a obtenção de imunidade coletiva acabaria com a pandemia.
No entanto, em junho de 2021, o conceito de que a pandemia havia sido controlada estava longe de ser verdade. Os países com muitas pessoas vacinadas, como Israel, estavam experimentando uma nova onda de infecções por covid [2], as taxas de vacinação estavam começando a diminuir e o ceticismo público estava aumentando. As autoridades tentaram acalmar os temores dizendo que as novas infecções eram “casos raros” [3], mas os dados se tornaram difíceis demais de serem ignorados. No início de julho, o Ministério da Saúde de Israel informou que a eficácia da vacina contra a infecção e a doença sintomática havia caído para 64% [4]. Três semanas depois, estimativas revisadas colocaram a vacina da Pfizer em apenas 39% de eficácia.[5].
Divulgação tardia
Documentos regulatórios de abril de 2021 [6] mostram que a Pfizer tinha fortes evidências de que a eficácia de sua vacina havia diminuído, resultados que a empresa não divulgou até o final de julho [7]. Peter Doshi, professor associado da Escola de Farmácia da Universidade de Maryland, obteve acesso a esses documentos por meio do órgão regulador de medicamentos canadense, Health Canada. “Esta claro nos documentos que essas análises tinham quase quatro meses quando foram publicadas”, disse Doshi. “É decepcionante que nem a Pfizer nem os reguladores tenham divulgado esses dados até que fosse muito difícil ignorar os novos surtos em Israel e em Massachusetts, deixando claro que o desempenho da vacina não estava se mantendo.”
Quando as vacinas de mRNA foram licenciadas pela primeira vez, em 2020, os cientistas da FDA listaram “brechas” críticas na base de conhecimentos [8]. Duas delas eram a eficácia contra a transmissão viral e a duração da proteção.
Assim, em 1º de abril de 2021, quando a Pfizer anunciou [9] os dados do estudo de fase III de seis meses, nem a Pfizer nem os reguladores mencionaram a diminuição da imunidade. Os reguladores não fizeram nenhuma menção à diminuição da imunidade. Ao contrário, os funcionários repetiram os pontos de conversão padrão. Em um pronunciamento em uma rede nacional de televisão, Anthony Fauci disse ao público americano que “quando você se vacina, você não está apenas protegendo sua própria saúde… você se torna uma rua sem saída para o vírus” [10].
Depois, em uma campanha de vacinação de porta em porta, Fauci
disse a um morador não vacinado: “Na possibilidade muito, muito, muito rara de você ser infectado, mesmo que esteja vacinado… você nem se sentirá doente. É como se você nem soubesse que foi infectado [11].Martin Kulldorff, bioestatístico e professor de medicina em Harvard (em licença), diz que está desapontado com a falta de transparência.
“Em saúde pública, é importante ser honesto com o público. A Pfizer deveria ter informado o declínio da eficácia da vacina em seu comunicado à imprensa no 1º de abril de 2021 [9], pois está claro que eles sabiam disso na época”,disse Kulldorff. A Pfizer não forneceu uma explicação sobre o motivo pelo qual atrasou a divulgação de seus dados. A FDA não confirmou quando tomou conhecimento do declínio da eficácia, e a Health Canada não respondeu dentro do prazo.
Resultado da ocultação de dados?
Durante esse atraso de quatro meses, aproximadamente 90 milhões de americanos fizeram fila para serem vacinados (veja o gráfico), sem saber que os dados já estavam disponíveis, sugerindo que duas doses poderiam não ser a última opção.
Doshi especulou que, se o público tivesse sido informado sobre a Eficácia em abril de 2021, isso poderia ter prejudicado uma campanha de vacinação que havia tido um enorme impulso. “Divulgar publicamente que a eficácia tinha diminuído tão cedo após sua autorização poderia ter acabado com a credibilidade das autoridades que haviam projetado grande confiança na capacidade das vacinas de acabar com a pandemia.”, disse Doshi. “Além disso, a avaliação de segurança foi baseada em um ciclo de duas doses, portanto, a divulgação dos dados poderia ter estimulado uma conversa sobre as pessoas que precisam de doses adicionais, e certamente poderia ter questionado a segurança da vacina”, acrescentou Doshi.
Algumas semanas depois da Pfizer ter divulgado seus dados sobre a diminuição da eficácia da vacina, o presidente Bidenordenou a todos os funcionários federais (e empregados de contratistas) que se vacinassem dentro de 75 dias, caso contrário, enfrentam penalidades ou seriam demitidos de seus empregos [12].
Referencias