De acordo com o artigo publicado na Nature que resumimos abaixo [1], mais de 10.000 artigos foram retratados/retirados em 2023 e, nas últimas duas décadas, os países com o maior número de retratações foram Arábia Saudita, Paquistão, Rússia e China. Em 2023, a maioria das retratações foram de revistas de propriedade da Hindawi (mais de 8.000), uma subsidiária da Wiley, porque os editores da revista ou especialistas em integridade de pesquisa identificaram incoerências ou referências irrelevantes e começaram a suspeitar haviam tido problemas com o sistema de revisão por pares ou com a manipulação sistemática de publicação ou do processo de revisão.
A maioria das retratações da Hindawi correspondem a edições especiais – coleções de artigos frequentemente supervisionadas por editores convidados que se tornaram famosos por serem explorados por fraudadores para publicar rapidamente artigos de baixa qualidade ou falsos.
No dia 6 de dezembro de 2023, a Wiley disse que deixaria de publicar todas as revistas Hindawi (já havia fechado quatro delas e, em 2022, parou temporariamente de publicar edições especiais) e as incorporaria em seu nome. Isso poderia representar uma perda de entre US$ 35 milhões e US$ 40 milhões em faturamento.
Um representante da Wiley disse que as edições especiais são importantes e que a empresa implementou processos mais rigorosos para confirmar a identidade dos editores convidados e supervisionar os manuscritos, removeu “centenas” de “atores” ruins de seus sistemas, alguns dos quais desempenhavam funções de editores convidados, e ampliou sua equipe de integridade de pesquisa.
Um dos problemas é que esses artigos manipulados são citados. Embora a análise tenha mostrado anteriormente que a maioria das retratações se deve à má conduta, nem sempre é esse o caso: algumas são protagonizadas por autores que descobrem erros honestos em seu trabalho. Mais de 50.000 artigos foram retirados até o momento, e o banco de dados mais completo é o do Retraction Watch, que em setembro foi adquirido pela Crossref.
A análise da Nature sugere que a taxa de retratação – a proporção de artigos publicados em um determinado ano que acabam sendo retratados – mais do que triplicou na última década. Em 2022, ela superou 0,2%. A Arábia Saudita tem a maior taxa de retratação, com 30 por 10.000 artigos, excluindo retratações baseadas em artigos de conferências (essa análise conta um artigo de um país se pelo menos um coautor tiver uma afiliação a esse país). Se os artigos de conferências forem incluídos, a China lidera o caminho, com uma taxa de retratação de mais de 30 por 10.000 artigos.
Fonte original