Resumo
Medidas de resultados compostos, como a sobrevivência livre de progressão e a sobrevivência livre de doença, são cada vez mais usadas como endpoints substitutos na pesquisa oncológica, servindo frequentemente como ponto final primário de ensaios essenciais que formam a base para as aprovações da FDA e da EMA. Essas medidas de resultados combinam dois ou mais eventos distintos (por exemplo, (re)crescimento de tumores, novas lesões e/ou morte) em um único endpoint de tempo até o evento. O uso de um endpoint composto pode aumentar o poder estatístico de um ensaio clínico e diminuir o período de acompanhamento necessário para demonstrar a eficácia, reduzindo assim os custos; no entanto, esses endpoints têm várias limitações. Os critérios de avaliação compostos geralmente são definidos de forma vaga, com definições que variam muito entre os estudos, o que complica a comparação dos resultados entre os
ensaios. A alteração da composição dos eventos incluídos em um resultado composto pode alterar as conclusões do estudo, inclusive se os efeitos do tratamento são estatisticamente significativos.
Além disso, os eventos incluídos em um resultado composto geralmente variam em termos de importância clínica, refletem vias biológicas distintas e/ou são afetados de forma diferente pelo tratamento. Portanto, conhecer o detalhamento preciso dos eventos componentes é essencial para interpretar com precisão os resultados do ensaio e avaliar o real benefício de uma intervenção. No entanto, em ensaios clínicos oncológicos, essas informações raramente são apresentadas. Nesta Perspectiva, enfatizamos essa deficiência por meio de uma análise de 50 estudos com sobrevivência livre de progressão como resultado, publicados em cinco das principais revistas de oncologia, discutimos as vantagens e os desafios do uso de critérios compostos e destacamos a necessidade de relatar os eventos componentes com transparência.