Desde a década de 2010, várias iniciativas têm procurado deixar de usar indicadores quantitativos de publicação, como quantidade e “fator de impacto” (o principal indicador da reputação de uma publicação científica) para informar as indicações e promoções de pesquisadores. A Declaração de São Francisco sobre Avaliação de Pesquisa (DORA – na sigla em inglês) (2012), o Manifesto de Leiden (2015) e os Princípios de Hong Kong (2020) apontam na mesma direção [1-3].
Em meados de 2022, a declaração DORA tinha quase 22.000 assinaturas de organizações e indivíduos de todo o mundo. Na França, 70 instituições a assinaram, incluindo algumas universidades [4].
Outro exemplo de universidade que aderiu ao DORA é a Ghent University (Ghent), na Bélgica, que decidiu levar em conta fatores qualitativos, como a forma como os membros mais antigos da equipe treinam e supervisionam os acadêmicos menos experientes [4,5].
Na Holanda, a Universidade de Utrecht, que também assinou o DORA, anunciou no início de 2022 que deixará de usar o fator de impacto. De acordo com o líder do projeto, esse indicador quantitativo não “reflete com precisão a qualidade de um pesquisador ou acadêmico” e, assim como o índice h, esses critérios “se tornaram um modelo doentio que vai além do que é realmente relevante para a ciência e o progresso científico”. Em vez disso, a universidade prefere levar em conta o compromisso dos pesquisadores com o trabalho em equipe e seus esforços para promover a “ciência aberta”, o que, em particular, incentiva as publicações de acesso aberto e o compartilhamento de dados [6].
Também na Holanda, em 2020, a Universidade de Leiden criou um grupo de trabalho com o objetivo de dar menos importância aos critérios de avaliação quantitativos, que eles consideravam “simplistas“, e dar mais importância, acima de tudo, à contribuição da pesquisa para a sociedade [7].
Na Suíça, a Swiss National Science Foundation também está procurando maneiras de implementar os princípios do DORA. Desde 2020, os pesquisadores das áreas de biologia e medicina só precisam descrever em seus currículos suas quatro melhores contribuições para a ciência, sejam elas publicações ou patentes, especialmente para “evitar longas listas de publicações” e “incentivar os avaliadores a lê-las e avaliá-las, em vez de simplesmente confiar em dados bibliométricos” [8].
Essas iniciativas são realmente encorajadoras!
Referências