Embora a poluição produzida pela indústria farmacêutica geralmente não seja estudada ou regulamentada na mesma medida que em outras indústrias, a fabricação de produtos farmacêuticos é um dos maiores contribuintes globais de emissões de gases de efeito estufa. De acordo com uma declaração da Universidade de Cornell [1], o impacto da indústria farmacêutica é de magnitude semelhante ao da indústria automotiva. Portanto, em um estudo recente, pesquisadores da instituição propõem uma maneira de reduzir essas emissões em até 45%.
A pesquisa publicada no periódico ACS Sustainable Chemistry & Engineering [2] constatou que isso poderia ser alcançado com a otimização dos processos de fabricação e das cadeias de suprimentos da indústria farmacêutica, bem como com a transição para fontes de energia renováveis. Embora estudos anteriores tenham analisado a questão concentrando-se apenas no estágio de fabricação ou formulação, esse novo estudo abordou a pegada de carbono de todo o ciclo. Ou seja, desde a extração, o fornecimento e a produção até a fabricação e a formulação, bem como a embalagem, o transporte, a distribuição e o tratamento de resíduos pós-consumo de um medicamento.
De longe, o maior contribuinte para o impacto do carbono é a fonte de energia usada na fabricação, já que uma grande parte dos medicamentos genéricos é produzida na Índia. A Índia depende muito da energia movida a carvão, e é por isso que os produtores são incentivados a fazer a transição para a energia limpa. As longas distâncias de transporte entre as fontes de matéria-prima, as instalações de produção e os pacientes também contribuem para a emissão de carbono. A esse respeito, os pesquisadores descobriram que, se as redes da cadeia de suprimentos fossem cuidadosamente otimizadas, o impacto poderia ser reduzido em 9,3%.
Da mesma forma, um relatório da organização sem fins lucrativos My Green Lab aponta que as emissões das empresas farmacêuticas e de biotecnologia são mais altas do que as das indústrias florestais e de papel. Além disso, os pesquisadores contaram que 91% dessas empresas não têm metas de carbono alinhadas com o objetivo de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 grau Celsius. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, manter o aquecimento global abaixo desse limite evitaria os piores impactos das mudanças climáticas.
No contexto da mudança climática, cada vez mais vozes estão chamando a atenção para a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos maiores contribuintes. Nesse sentido, este estudo da Universidade de Cornell aponta que, no caso da indústria farmacêutica, a mudança para fontes de energia renováveis e a otimização das cadeias de suprimentos seriam suficientes para reduzir quase pela metade sua emissão de carbono.
Referências
Nota de Salud y Fármacos: Essa nota também afirma que a fonte de energia usada na fabricação de medicamentos é a maior contribuinte para a emissão de carbono da indústria farmacêutica.